
Por Eliz Moura
“A realização da licitação do transporte coletivo será uma tragédia para 40% da população de Sergipe, que está concentrada na região metropolitana”. A declaração foi feita pelo prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Fábio Henrique (PDT/SE), durante a sabatina da 33ª edição do NósnoCabaré.comConvidados, na noite da quinta-feira (25). “Acho que o Governo do Estado precisa intervir para garantir a integração do transporte coletivo, uma conquista de mais de 20 anos. O poder público existe para aumentar os direitos da população”, cobrou.
O prefeito define como prenúncio de “uma guerra civil” o fim da integração do transporte, prejudicando cerca de 1,5 milhões de passageiros de Socorro, Barra dos Coqueiros e São Cristóvão.
Fábio Henrique pede a intervenção do Governo do Estado para regulamentação definitiva da região metropolitana, incluindo os municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão, além de Laranjeiras, Maruim e Santo Amaro. “Quem precisa licitar a integração é o governo do Estado. Do contrário, como vai ficar a situação deste 1,5 milhão de passageiros?”, questionou.
Unilateral
Segundo Fábio Henrique, a exemplo do anúncio da implantação do aterro sanitário na Palestina, também o anúncio da licitação do transporte coletivo de Aracaju aconteceu à revelia dos demais prefeitos e por decisão unilateral de Edvaldo Nogueira (PCdoB). “O prefeito de Socorro não foi convidado para participar do anúncio (entrevista coletiva). Acho estranho o anúncio de uma obra na Palestina, sem discutir com Nossa Senhora do Socorro”.
Ele confirma a assinatura no protocolo de intenções, estabelecendo proposta de consórcio entre os municípios da Grande Aracaju para implantação do aterro sanitário comum, mas garante não haver no documento qualquer referência à localização do mesmo na palestina.
“Acho que faltou um gesto de civilidade”, amenizou o pedetista, ao ser questionado se se sentia agredido ou desrespeitado pelo prefeito da capital. “Eu não conheço nada do aterro anunciado e o consórcio nunca saiu do papel”, assegurou.
“Apesar do protocolo já assinado, o consórcio só existe no papel porque nunca se reuniu. O problema é que antes de se discutir o projeto no consórcio, discutiu-se no CDL, no MPE/SE e na imprensa”, criticou, considerando que “sem o licenciamento, não há o que se discutir. Está se discutindo o sexo dos anjos”, sentencia, alegando que, por duas vezes, a Adema/SE se manifestou contrária à implantação do aterro na Palestina.
Ele afirma que a rejeição da Adema à implantação na Palestina está fundamentada em dois Estudos de Impacto Ambiental – Eia/Rima. “Não tem licenciamento, morreu, acabou. Não será na Palestina”, reafirmou.
Autonomia
“Não é questão pessoal com Edvaldo Nogueira. Quero defender o direito da minha cidade”, disse, confirmando que poderá buscar a justiça para assegurar a autonomia administrativa do município. “A justiça existe para todos. Eu digo que ninguém vai construir um aterro sanitário na Palestina sem a licença ambiental e sem ouvir a população de Socorro. A cidade de Nossa Senhora do Socorro tem prefeito”, reagiu. “Esta obra só irá acontecer se for economicamente viável para Socorro”, avisa.
“Decisão judicial se cumpre. Mas, se a Justiça autorizar a implantação do aterro na Palestina terá que arcar com a responsabilidade e com os danos que decorrerem desta decisão”, reagiu.
O prefeito também garante que a prefeitura não tem condições financeiras de custear R$ 3,5 milhões para a implantação do projeto em Socorro, assim como, ainda pagar pelo depósito do lixo no aterro. “Com esse valor, Socorro pode construir o seu próprio aterro e resolver o seu problema”, alertou.
Como alternativa, ele dispõe de uma proposta de usina de carbonização de resíduos sólidos, com capacidade de eliminação de 100% de resíduos de origem animal e vegetal, de autoria do empresário Railton Lima, oriundo do município de Lagarto. “Disse a ele que licencie o seu projeto”, esclareceu.
2012
O prefeito confirmou que irá disputar a reeleição em 2012. “Não me causa nenhum medo, nem tenho interesse em saber o que vai acontecer com os adversários. Não tenho medo de ninguém. Trabalhamos o nosso grupo e estamos prontos para enfrentar quem vier. Vamos enfrentar e vencer”, diz.
Ele afirmou que o ex-prefeito Tonho da Caixa e a ex-deputada Elma Paixão fazem parte do agrupamento, participam da administração e deverão continuar firmes na aliança.
PDT
Como presidente estadual do PDT, Fábio Henrique informa que a executiva nacional já deliberou que irá requerer judicialmente a titularidade dos mandatos dos filiados que deixarem a sigla para ingressar em outra agremiação partidária.
Ele diz que o partido se encontra em processo de filiações e está se estruturando, uma vez que todos os diretórios municipais foram dissolvidos, sendo formadas comissões provisórias e preparando a sigla para apresentar chapas nos 75 municípios de Sergipe.
PMA 2012
Sobre a sucessão municipal em Aracaju em 2012, o presidente do PDT garantiu que o único compromisso do partido é com a chapa de vereadores, não tendo nenhum atrelamento político. Embora que, sendo da base aliada ao governo, “terá a delicadeza de ouvir todos os candidatos a prefeito da capital”.
Ele revelou especial simpatia por uma suposta candidatura do deputado federal Valadares Filho (PSB/SE) à PMA, mas disse que a decisão não será pessoal e, sim, colegiada dentro do diretório municipal de Aracaju. “O PDT é um partido que não tem dono”, falou.
Eleições 2014
Fábio Henrique preferiu amenizar, ao ser questionado sobre a possibilidade de um racha entre o agrupamento dos Irmãos Amorim e do governador Marcelo Déda (PT) com vistas ao pleito eleitoral de 2014. “Acredito que Déda e Amorim terão juízo e sabedoria para continuar juntos porque foram eleitos juntos”.
Ele reconhece ter um relacionamento mais estreito com o empresário Edvan Amorim, em decorrência da sua disponibilidade de dialogar com os aliados. “Sempre que fui à procura do Amorim, entrei e saí pela porta da frente. Nunca fui com chapéu mexicano”, ironizou.
Estilo
Embora atribua ao estilo pessoal, Fábio Henrique acredita que o governador Marcelo Déda deveria ouvir mais os aliados. “Às vezes, as pessoas só precisam de atenção. Precisam conversar e ouvir opiniões”.
O prefeito diz ter uma relação administrativa positiva com o governo do Estado, tendo sido sempre bem atendido pelo governador nos pleitos que fez. “Mas, sou um aliado que não dá trabalho ao governador e não tenho cargos no Estado. De 36 escolas estaduais, não indiquei nenhum diretor, coordenador, nem secretário. Não indiquei a diretora da DR-8 e nenhum vigilante para o hospital. Digo o mesmo do meu aliado deputado José Franco (PDT). Não tenho nenhum cargo no governo. Se encontrar algum, pode exonerar”, desafiou.
Questionado, disse já ter exposto a falta de prestígio em conversa com o governador, que, segundo Fábio Henrique, teria decidido manter a situação anterior.
O prefeito criticou o comportamento do secretário de Estado da Articulação Política, Francisco Buchinho (PT). “Ele abriu um precedente perigoso, autorizando a invasão de um terreno doado ao Sindicato dos Radialistas de Sergipe, em projeto aprovado pela Câmara de Vereadores de Socorro”.
Segundo o prefeito, teria recebido ligação do secretário de Estado da Casa Civil, Jorge Alberto, solidarizando-se e comunicando a discordância de Marcelo Déda para com o “erro” de Chico Buchinho.