sábado, 27 de agosto de 2011

No Cabaré, Fábio diz que fim da integração deflagra guerra civil na Grande Aracaju



Por Eliz Moura

“A realização da licitação do transporte coletivo será uma tragédia para 40% da população de Sergipe, que está concentrada na região metropolitana”. A declaração foi feita pelo prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Fábio Henrique (PDT/SE), durante a sabatina da 33ª edição do NósnoCabaré.comConvidados, na noite da quinta-feira (25). “Acho que o Governo do Estado precisa intervir para garantir a integração do transporte coletivo, uma conquista de mais de 20 anos. O poder público existe para aumentar os direitos da população”, cobrou.

O prefeito define como prenúncio de “uma guerra civil” o fim da integração do transporte, prejudicando cerca de 1,5 milhões de passageiros de Socorro, Barra dos Coqueiros e São Cristóvão.

Fábio Henrique pede a intervenção do Governo do Estado para regulamentação definitiva da região metropolitana, incluindo os municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão, além de Laranjeiras, Maruim e Santo Amaro. “Quem precisa licitar a integração é o governo do Estado. Do contrário, como vai ficar a situação deste 1,5 milhão de passageiros?”, questionou.

Unilateral

Segundo Fábio Henrique, a exemplo do anúncio da implantação do aterro sanitário na Palestina, também o anúncio da licitação do transporte coletivo de Aracaju aconteceu à revelia dos demais prefeitos e por decisão unilateral de Edvaldo Nogueira (PCdoB). “O prefeito de Socorro não foi convidado para participar do anúncio (entrevista coletiva). Acho estranho o anúncio de uma obra na Palestina, sem discutir com Nossa Senhora do Socorro”.

Ele confirma a assinatura no protocolo de intenções, estabelecendo proposta de consórcio entre os municípios da Grande Aracaju para implantação do aterro sanitário comum, mas garante não haver no documento qualquer referência à localização do mesmo na palestina.

“Acho que faltou um gesto de civilidade”, amenizou o pedetista, ao ser questionado se se sentia agredido ou desrespeitado pelo prefeito da capital. “Eu não conheço nada do aterro anunciado e o consórcio nunca saiu do papel”, assegurou.

“Apesar do protocolo já assinado, o consórcio só existe no papel porque nunca se reuniu. O problema é que antes de se discutir o projeto no consórcio, discutiu-se no CDL, no MPE/SE e na imprensa”, criticou, considerando que “sem o licenciamento, não há o que se discutir. Está se discutindo o sexo dos anjos”, sentencia, alegando que, por duas vezes, a Adema/SE se manifestou contrária à implantação do aterro na Palestina.

Ele afirma que a rejeição da Adema à implantação na Palestina está fundamentada em dois Estudos de Impacto Ambiental – Eia/Rima. “Não tem licenciamento, morreu, acabou. Não será na Palestina”, reafirmou.

Autonomia

“Não é questão pessoal com Edvaldo Nogueira. Quero defender o direito da minha cidade”, disse, confirmando que poderá buscar a justiça para assegurar a autonomia administrativa do município. “A justiça existe para todos. Eu digo que ninguém vai construir um aterro sanitário na Palestina sem a licença ambiental e sem ouvir a população de Socorro. A cidade de Nossa Senhora do Socorro tem prefeito”, reagiu. “Esta obra só irá acontecer se for economicamente viável para Socorro”, avisa.

“Decisão judicial se cumpre. Mas, se a Justiça autorizar a implantação do aterro na Palestina terá que arcar com a responsabilidade e com os danos que decorrerem desta decisão”, reagiu.

O prefeito também garante que a prefeitura não tem condições financeiras de custear R$ 3,5 milhões para a implantação do projeto em Socorro, assim como, ainda pagar pelo depósito do lixo no aterro. “Com esse valor, Socorro pode construir o seu próprio aterro e resolver o seu problema”, alertou.

Como alternativa, ele dispõe de uma proposta de usina de carbonização de resíduos sólidos, com capacidade de eliminação de 100% de resíduos de origem animal e vegetal, de autoria do empresário Railton Lima, oriundo do município de Lagarto. “Disse a ele que licencie o seu projeto”, esclareceu.

2012

O prefeito confirmou que irá disputar a reeleição em 2012. “Não me causa nenhum medo, nem tenho interesse em saber o que vai acontecer com os adversários. Não tenho medo de ninguém. Trabalhamos o nosso grupo e estamos prontos para enfrentar quem vier. Vamos enfrentar e vencer”, diz.

Ele afirmou que o ex-prefeito Tonho da Caixa e a ex-deputada Elma Paixão fazem parte do agrupamento, participam da administração e deverão continuar firmes na aliança.

PDT
Como presidente estadual do PDT, Fábio Henrique informa que a executiva nacional já deliberou que irá requerer judicialmente a titularidade dos mandatos dos filiados que deixarem a sigla para ingressar em outra agremiação partidária.

Ele diz que o partido se encontra em processo de filiações e está se estruturando, uma vez que todos os diretórios municipais foram dissolvidos, sendo formadas comissões provisórias e preparando a sigla para apresentar chapas nos 75 municípios de Sergipe.

PMA 2012

Sobre a sucessão municipal em Aracaju em 2012, o presidente do PDT garantiu que o único compromisso do partido é com a chapa de vereadores, não tendo nenhum atrelamento político. Embora que, sendo da base aliada ao governo, “terá a delicadeza de ouvir todos os candidatos a prefeito da capital”.

Ele revelou especial simpatia por uma suposta candidatura do deputado federal Valadares Filho (PSB/SE) à PMA, mas disse que a decisão não será pessoal e, sim, colegiada dentro do diretório municipal de Aracaju. “O PDT é um partido que não tem dono”, falou.

Eleições 2014

Fábio Henrique preferiu amenizar, ao ser questionado sobre a possibilidade de um racha entre o agrupamento dos Irmãos Amorim e do governador Marcelo Déda (PT) com vistas ao pleito eleitoral de 2014. “Acredito que Déda e Amorim terão juízo e sabedoria para continuar juntos porque foram eleitos juntos”.

Ele reconhece ter um relacionamento mais estreito com o empresário Edvan Amorim, em decorrência da sua disponibilidade de dialogar com os aliados. “Sempre que fui à procura do Amorim, entrei e saí pela porta da frente. Nunca fui com chapéu mexicano”, ironizou.

Estilo

Embora atribua ao estilo pessoal, Fábio Henrique acredita que o governador Marcelo Déda deveria ouvir mais os aliados. “Às vezes, as pessoas só precisam de atenção. Precisam conversar e ouvir opiniões”.

O prefeito diz ter uma relação administrativa positiva com o governo do Estado, tendo sido sempre bem atendido pelo governador nos pleitos que fez. “Mas, sou um aliado que não dá trabalho ao governador e não tenho cargos no Estado. De 36 escolas estaduais, não indiquei nenhum diretor, coordenador, nem secretário. Não indiquei a diretora da DR-8 e nenhum vigilante para o hospital. Digo o mesmo do meu aliado deputado José Franco (PDT). Não tenho nenhum cargo no governo. Se encontrar algum, pode exonerar”, desafiou.

Questionado, disse já ter exposto a falta de prestígio em conversa com o governador, que, segundo Fábio Henrique, teria decidido manter a situação anterior.

O prefeito criticou o comportamento do secretário de Estado da Articulação Política, Francisco Buchinho (PT). “Ele abriu um precedente perigoso, autorizando a invasão de um terreno doado ao Sindicato dos Radialistas de Sergipe, em projeto aprovado pela Câmara de Vereadores de Socorro”.

Segundo o prefeito, teria recebido ligação do secretário de Estado da Casa Civil, Jorge Alberto, solidarizando-se e comunicando a discordância de Marcelo Déda para com o “erro” de Chico Buchinho.