terça-feira, 3 de maio de 2011

Nós no Cabaré de 5ª

Quinta-feira, 28 de abril de 2011

Por Eliz Moura

"Eu sou o prefeito de todos. Sou o prefeito da cidade, não sou o prefeito de uma coalisão de partidos e tenho que trabalhar olhando para o todo. Sou gestor, quero governar e fazer o melhor pela cidade". A declaração foi feita pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB/SE), aos 50 anos, alagoano de Piaçabuçu, 36 anos radicado na capital sergipana, ao estrear na sabatina da 19ª edição do NósnoCabaré.comConvidados, na noite de quinta-feira (28), ao ser questionado se a estratégia de unir um grande número de partidos em torno de uma candidatura eleitoral, isolando adversários, se configuraria, posteriormente, numa "dor de cabeça" para o gestor público, como no próprio caso e no do governador Marcelo Déda (PT/SE), em relação ao chamado "cesto de partidos" liderado pelo irmãos Amorim.

Bem humorado, com o término da sabatina, o prefeito deu uma canja e cantou: "Eu só quero um xodó", de Dominguinhos, para alegria das morenas do cabaré de 5ª.

"Sou defensor da somação dos partidos políticos com o objetivo de unificar forças, objetivos e idéias para promover mudanças e derrotar os adversários. Defendo a unidade para construção de um projeto político", disse o comunista, reconhecendo que, passado o momento eleitoral, o arco de alianças pode se desfazer em decorrência de objetivos adversos. "Defendo a construção de uma frente ampla de partidos, inclusive conquistei o apoio do PSDB. Essa frente ampla tem uma diversidade e pode ser mudada depois. O deputado estadual Gilmar Carvalho (PSC/SE) tem todo o direito de ser um opositor ferrenho. É democrático! Mas, eu discordo das razões dele", comentou, sem explicar as supostas razões do cristão.

Montagem - Edvaldo Nogueira foi insistente em não reconhecer a própria voz na gravação apresentada pelo deputado estadual e radialista Gilmar Carvalho, no programa Jornal da Ilha, veículada no dia 1ª de abril, quando supostamente Nogueira, em tom de irritação, proferia ameaças de retirar a folha de pagamento salarial dos servidores municipais do Banco do Estado de Sergipe - Banese.


"Atribuo ao 1° de abril porque não reconheço a minha voz naquela gravação. Ela pode muito bem ser fruto de uma montagem. Só submetendo a uma perícia técnica. Por sinal, é uma gravação apócrifa, feita sem autorização, portanto ilegal. Gravação sem autorização da fonte só pode ser feita mediante decisão judicial. Portanto, é ilegal e eu gostaria de saber quem a fez para processar", ameaçou, assegurando não ter estado em companhia do presidente do Banese - Saúmínio Nascimento, de forma pública, nem privada, nos últimos 3 meses. "Nunca tratei deste assunto com Saumínio", asseverou, confrontando à tese do diálogo casual nos corredores da Secretaria Municipal de Assistência Social, ao término de um evento promovido pela PMA. "Não tenho princípio de desfaçatez", retrucou.

Desafio - Desafiado por Gilmar Carvalho, via o microblog twitter, a participar de um debate no programa Jornal da Ilha para provar ao vivo inveracidade das gravações, Edvaldo argumentou ter conhecimento de todos os índices de audiências das emissoras de rádio, já tendo recebido convite de várias produções e que a decisão de participação nos programas radiofônicos é de caráter pessoal. "Vou decidir se vou ou não. Ninguém vai me pautar", disse, justificando: "tem gente que fala, fala, fala, e a população faz ouvido de mercador", alfinetou, esquivando-se de endereçar a ironia ao radialista.

PMDB - O prefeito confirmou, durante o Encontro de Prefeitos realizado no início de abril na Barra dos Coqueiros, ter provocado o deputado estadual Zezinho Guimarães (PMDB), insinuando oferecer uma secretaria municipal para que abrisse a vaga de deputado estadual para a suplente Tânia Soares. Disse ter sido apenas uma suposição, caso a afinidade entre PCdoB, PT e PMDB - na pessoa do deputado federal Almeida Lima, tivesse se apresentado desde o início da atual legislatura. Ele diz que a situação de Tânia Soares está resolvida, ocupando o cargo de secretária municipal de Governo, mas não descartou a possibilidade de participação de qualquer deputado estadual em sua administração.

PMA 2012 - "Até maio de 2012, eu não falo em eleição. Não sou candidato e não tenho candidato. Não quero falar pelo PCdoB. Falo como prefeito da cidade, que está preocupado em governar e em realizar obras. Pelo PCdoB, a secretária Tânia Soares já concedeu entrevistas dizendo que o partido terá candidato a prefeito de Aracaju. Acho legítimo que todos os partidos pleiteem. A partir de maio de 2012, pela minha condição de prefeito, terei candidato e e vou jogar o papel político, quero comandar o processo, junto com Déda, com Amorim e com todos que estiverem juntos", avisou.

5 anos - Provocado a explicar mensagem subliminar da propaganda da Prefeitura de Aracaju, com slogan: "Nunca se fez tanto como nos últimos 5 anos - Só não ver quem não quer", em tom de provocação ao antecessor Marcelo Déda, Edvaldo justificou não haver qualquer interesse em desmerecer a administração petista. "A mensagem é clara! Estou prefeito de Aracaju há 5 anos e 3 meses. Precisava falar das minhas obras nestes 5 anos" justificou. "Sob qualquer aspecto, nunca se fez tanto em um período de 5 anos. Não estou fazendo comparação com Déda. Mas, neste período a cidade cresceu e se desenvolveu", comentou, assegurando ter investido, durante sua titularidade, cerca de R$ 200 milhões em obras, tornando Aracaju a 5ª cidade do país que mais investiu em infraestrutura urbana.

Edvaldo informa que "pela primeira vez, na história de Aracaju, a PMA investe cerca de 10% de sua receita em infraestratura urbana da cidade". O comunista estima ter construído e entregue cerca de 4 mil habitações populares somente em sua gestão.


Mobilidade - Edvaldo Nogueira também garante que não foi por falta de projetos que Aracaju foi excluída do PAC da Mobilidade, lançado pelo governo federal, argumentando que o projeto inicial contempla somente cidades com população superior a 700 mil habitantes. "Numa reunião da Frente de Prefeitos - em que sou secretário geral, com a então ministra da Casa Civil Dilma Roussef (PT/SE), eu reclamei e reivindiquei que o projeto contemplasse as cidades acima de 300 mil habitantes. Essa estratégia de contemplar cidades de maior porte foi um erro e eu me manifestei sobre isso", explicou.

Segundo prefeito de Aracaju, ainda aguarda a manifestação do Ministério do Planejamento à adequação para inclusão de cidades com população a partir de 300 mil habitantes, alegando ter posse de um portfólio de obras que supera R$ 100 milhões.

Ele também manifesta grande expectativa de melhoramento do trânsito e da mobilidade urbana com a conclusão da obra da ponte do Rio Poxim, concomitantemente às obras anunciadas pelo governo do Estado, em 2010, em parceria com o Ministério das Cidades, como a duplicação da ponte em frente ao Detran/SE. O prefeito lembra que o plano de obras anunciado por Marcelo Déda no ano passado também contemplará a reforma do Parque Governador Valadares, popularmente conhecido como Parque dos Cajueiros, e a segunda etapa da orlinha do bairro Industrial, cuja obra, segundo ouviu do secretário de Estado da Infraestrutura Valmor Barbosa, está em fase de licitação, com a pendência da concessão da licença ambiental por parte da Adema/SE.

Edvaldo anuncia processo licitatório para obras das duas cabeceiras da ponte do Rio Poxim com orçamento previsto de R$ 2,6 milhões e garante que não há paralisação das obras, nem atraso no cronograma, segundo ele, com conclusão prevista para o final de 2012. Ele informa que, dos R$ 10 milhões orçados, cerca de R$ 7 milhões, equivalentes a 70%, foram provenientes de emendas parlamentares e R$ 3 milhões em recursos próprios.

ZEA - O prefeito estima que seriam necessários R$ 3 bilhões em investimentos financeiros, num prazo médio de 20 anos, para realizar as obras de drenagem e pavimentação na Zona de Expansão, solucionando definitivamente as enchentes e inundações nos complexos habitacionais.

Nogueira pretende concluir drenagem a pavimentação de dois canais, resolvendo o escoamento de águas do Conjunto Costa do Sol e Beira Mar, com investimento de R$ 100 milhões, já previstos no PAC II para resolução de toda a região da Aruana. Para 2011, ele admite obras paliativas, com previsão de investimentos da ordem R$ 600 mil, já no período crítico de chuvas.

Deso - O prefeito voltou a atribuir o atraso das obras do Coqueiral e Santa Maria à Deso, alegando que o problema é localizado na empresa e não por ingerência do Governo do Estado. "Os recursos alocados já foram repassados pela prefeitura à Deso desde 2008", garantiu, sem informar o valor do repasse. Segundo ele, a empresa enfrenta problemas de gerência administrativa e tem dificuldade na continuidade das obras por desistência dos licitantes. "A prefeitura tá fazendo a parte dela nos dois bairros", arrematou.

Eco Pontos - O prefeito anuncia para breve o lançamento do programa Eco Pontos, com 7 unidades de recebimentos de entulhos para inibir o depósito desordenado de restos de construção civil, irresponsavelmente abandonados nas ruas, provocando proliferação de insetos e roedores nos bairros. Ele identifica que o problema tem origem nas obras domésticas, alegando que as grandes construtoras sofrem fiscalização contínua.

Metrô - "Um gestor não pode viver de pirotecnia", formulou Edvaldo, ao explicar estudo de implantação de um novo modal de transporte na capital proporcionando rapidez, cobertura em massa e interligação do município de São Cristóvão, Aracaju e Nossa Senhora do Socorro, utilizando-se da linha férrea já existente como forma de redução do custo de implantação. "Tem que ter viabilidade técnica para funcionar. Todos os aspectos precisam ser avaliados antes de uma decisão dessas, inclusive se tem viabilidade financeira", justificou.
Ele reconhece se tratar de uma solução que ainda exige medidas complementares, como linhas de ônibus alimentadoras, visto que, tanto o metrô de superfície, quanto o veículo leve sobre trilhos - VLT, têm trajetória retilínea, impossibilitando abrangência aos bairros. Ele diz que o projeto seria desenvolvido ao longo de 5 a 10 anos, comprometendo cerca de R$ 500 milhões em investimentos financeiros. Mas, acredita que, confirmada a viabilidade técnica, poder-se-á adotar uma das três modalidades: 1- sistema exclusivamente público; 2 - privado; 3 - Parceria Público-Privada - PPP, planejando "entregar até o final de 2012 a 1ª estação do novo modal".