segunda-feira, 9 de maio de 2011

No cabaré, Emmanuel diz parecer mais com o povo do que João






Por Eliz Moura




"Seria bom se o nome do candidato do PT à Prefeitura de Aracaju em 2012 fosse Emmanuel. Com certeza, eu ganharia a eleição para João Alves (DEM/SE)", apostou Emmanuel Nascimento, vereador e atual presidente da Câmara Municipal de Aracaju, até o momento, único petista com coragem suficiente para desafiar publicamente a atual supremacia do ex-governador nas pesquisas de intenções de votos. "Perdemos em Aracaju, em 2010, por falta de engajamento, por falta de um trabalho, por acreditar naquele clima de já ganhou", admitiu, na noite de quinta-feira (05), durante a sabatina da 20ª edição do NósnoCabaré.comConvidados.

Emmanuel acredita que a preferência do eleitorado de Aracaju por João Alves sucumbiria a sua história de vida. "Se João vai dizer que tem serviços prestados, eu também tenho. Se vai dizer que fez obras, eu também fiz obras. Ele fez a avenida Coelho e Campos, eu também fiz. Ele fez como prefeito e eu fiz como trabalhador, como operário, como homem do povo. Sei que, nas ruas de Aracaju, pareço-me mais com o povo do que Joao Alves", comparou.
Projeto - Apesar do entusiasmo, Emmanuel admite não ter a preferência dos correligionários. "Meu partido nem pensa em me ter como prefeito. Mas, como vereador, já trabalhei muito. Deixei a minha vida profissional e acadêmica para ser vereador porque procurei o caminho do povo e da política", afirmou. "Defendo candidatura própria e de consenso dentro do Partido dos Trabalhadores para vencer João Alves. O PT é uma escola de democracia e teve o maior governo deste país com o presidente Lula. João representa o atraso. O PT, em Aracaju, detém um projeto progressista que não tem marca de corrupção. Este é o maior projeto político de um grupo", avalia.

Convivência - "Não faço política com raiva, nem com ódio", justificou ao ser provocado a explicar a suposta estratégia de vitória sobre João Alves, lembrando que, ao pleitear a reeleição para a presidência da CMA, precisou recorrer à ajuda do ex-governador para buscar os votos dos democratas e oposicionistas, Juvêncio Oliveira e Josenito Vitale. "João me disse: Emmanuel, o que você veio procurar aqui? Você já tem o apoio e da tanta gente!", reagiu o ex-governador, comprometendo-se a oferecer os dois votos da oposição, em consideração "à boa e respeitosa administração que faz à frente da Câmara". Segundo ele, João tinha consciência de que daria o apoio e não receberia o voto do petista numa disputa pela PMA em 2012. Emmanuel confirma ter buscado também os apoios do deputado federal Mendonça Prado e da professora Marlene Calumby.

"Quem vive na política tem que aprender a conviver com todos. Tem que saber lidar com todos e, como presidente da Câmara, tenho que amortecer os problemas. Sou operário da política e trabalho voltado para os interesses da sociedade", declarou, registrando que há 2 anos não há denúncia contra administração da CMA. Ele também comemora a abertura do legislativo para os meios de comunicação, levando o trabalho legislativo aos veículos de comunicação de massa e à internet, conferindo transparência aos gastos públicos.

Cadeiras - O presidente antecipa que, ainda este ano, pretende apresentar uma Emenda à Lei Orgânica do Município, ampliando para 21 o número de vereadores na Câmara Municipal de Aracaju já a partir das eleições de 2012. "Defendo publicamente 21 vereadores porque é a tradição da Câmara. Do contrário, tem que ter mais cadeiras, mais estrutura, maior receita, correndo risco de, para reduzir despesas, ser necessário fazer a redução de salário dos vereadores", alegou, informando que a receita anual da CMA representa 4,5% do orçamento municipal do ano anterior. Conforme legislação federal, a CMA poderia ter até 25 representantes.

Prestígio - Emmanuel se declara um homem prestigiado pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PCdoB/SE), e demonstra gratidão. "Edvaldo Nogueira tem feito uma administração muito boa em Aracjau. Muito transparente e com obras importantes. Nós temos dois problemas, o Coqueiral e o Santa Maria, em decorrência dos processos licitatórios. Mas, se Edvaldo fosse candidato, votaria de novo porque a cidade está limpa e a saúde está funcionando".

Para o vereador, os problemas enfrentados no trânsito são de abrangência nacional e decorrentes do aumento do número de carros. Ele prega uma gestão mais democrática e um programa continuado de educação para o trânsito. "Encher a cidade de pardais que vai resolver o problema", argumentou.

Motonetas - Sobre a obrigatoriedade de emplacamento e licenciamento das motonetas - ciclomotores com até 50 cilindradas, o petista admite ter cometido um erro, ao não observar o alto custo da regulamentação aprovada na Câmara, estimado em R$ 1,2 mil. Considera a reação popular legítima e se diz disposto a reabir o debate com a sociedade e autoridades para aprimorar a legislação por questão de segurança e preservação da vida.

PDA - Emmanuel Nascimento anuncia a nomeação de cinco relatores e um sub-relator para o Plano Diretor de Aracaju, além dos quatro códigos urbanísticos, alegando ter assistido ao processo mais democrático possível. "Fiz a nomeação de forma democrática, ouvindo o meu superior, o plenário. Deleguei funções", resumiu.

Foram escolhidos relatores: Mirian Ribeiro - relatora PDA; Juvêncio Oliveira - Sub-ralator PDA; código urbanístico do meio ambiente - Jony Marcos ; código urbanístico de obras - Evandro Franca; código urbanístico de parcelamento - Robson Viana; código urbanistico de postura - Valdir Santos.

Ele explica ainda que, embora aprovado em primeira discussão, durante a segunda discussão, a Câmara promoverá audiências públicas com as entidades representativas e com a sociedade para debater o conteúdo do projeto.

Reforma Política - "Precisamos da reforma política urgente. Uma reforma política que represente os interesses do povo brasileiro e torne a democracia mais acessível ao povo e não dependente do poder financeiro. Precisamos discutir uma reforma onde qualquer um tenha condição de ser candidato, as mulheres, os negros. O acesso a política está muito difícil. É preciso reduzir esta quantidade de partidos, que são verdadeiras siglas de aluguel".

O presidente se mostrou favorável à lista fechada preordenada e ao financiamento público de campanhas. "A lista fechada preordenada é bem sucedida nos países desenvolvidos porque acaba com corrupção no processo eleitoral. O poder público tem que bancar a campanha política para tornar a eleição mais democrática e para que as pessoas participem mais, conquistando campanhas livres e soberanas", pregou, embora revele só acreditar na aprovação do fim das coligações proporcionais.